Tuesday, July 12, 2011

Úlitimo jazz de Lily Braun

Beije-me ele com os beijos da sua boca;

porque melhor é o teu amor do que o vinho.

(Cantares de Salomão, 1; 2)


Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama.

Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

(Oswald Andrade, Manifesto Antropofágico)


Sobre o som do jazz beijava-me,

decifrava a cada escala minha silhueta,

as cavidades de meu dorso tomado,

cada ponto evidente de minhas vértebras

cifradas, acariciadas em intervalos regulares...


Dentes inquietos tocavam-se

machucando os lábios...

– mais doce é seu sangue que o vinho –

Embebedei-me, tornando a mim

mesma o pensamento sobre o som do jazz.


Libertei-me. Quando de repente desferiu-me o último,

quase que letal acorde... adormecido já

sobre o palco, luzes azuis em suas enormes mãos

e braços abertos. Ali estavam, no descontínuo

do jazz, dois cristos crucificados...


...pliniopereiradesousa 12-07-2011

1 comment:

Paula said...

Plínio,muito legal tudo que li aqui.Adorei o DNA dos seus poemas, são cheios de personalidade e tem uma estética vibrante, vejo movimento em todos eles. Deixo outras impressões em seu e-mail assim que puder.Bjs.